| Pensamentos... Força interior... aquilo que
diferencia os homens nas situações extremas. Aquilo que
muitos buscam na religião, em si próprios, etc. Eu
julgava não ter religião e muita força interior.
Força interior é algo que se esgota e em mim já pouco
resta. Religião...eu tenho a minha própria religião,
religião criada por mim, baseada na minha vivência,
baseada em ideais que defendo e sigo, algo de meu, mais
precioso, sou eu....
Pobre daqueles que nada disto têm. Pobre daqueles que à
deriva dos seus pensamentos navegam. Pobre daqueles que
não têm pensamentos ou que para eles de nada servem,
não têm importância.
Para muita gente os sentimentos mais nobres já não têm
significado, não têm estatuto nesta sociedade moderna.
O amor torna-se uma palavra lírica, sem significado, mas
que um dia já o teve. Um dia em que a sociedade era
baseada em poesia, em pensamentos, esse é o tempo dos
filósofos. Talvez tenha nascido na altura errada, sempre
achei isso, mas nunca me soube situar.
De nada serve a experiência da velhota que chegou aos 90
anos, se desses anos todos, não tenha ficado algo, como
o conhecimentos dos erros e a sua aprendizagem. De nada
serve à velhota de 90 anos se ela morrer com o desgosto
de nunca ter feito isto ou aquilo, de nunca ter
arriscado, vivido no limite, nem que seja por uma
fracção de segundo.
A vida não é medida em tempo, apenas em experiências,
em vivências. Mais vale morrer sem ter 90 anos e ter
passado por tudo, do que ter 90 e chegar à conclusão
que a vida que levou não passou de um engano, de uma
ilusão criada por ela própria, que afinal tem 90 anos,
mas viver a vida não como ela nos é dada mas como nós
a queremos, isso não fez, apenas viveu, ou sobreviveu,
pelo lado ingénuo por ela criado ou transmitido.
Tenho 20 anos, se um dia chegar a 90, espero olhar para
trás e ver que deixei algo, that I made a diference, que
pude ajudar e fazer crescer aqueles que precisaram, mas
que acima de tudo, ver que eu cresci. Talvez esteja a ser
muito filosófico, talvez nada tenha sentido neste mundo
mesmo, mas eu não quero pensar assim, nem devo, nem
posso. Quero poder sentir, sentir o que puder, ao
máximo, chegar ao limite, de tudo, de mim próprio e ter
a coragem, vontade, paciência e sabedoria para
voltar...aí está a felicidade...
Sentimentos...aquilo de nos diferencia de uma pedra, que
nos dá vida, que nos faz agir. Sentimentos bons, maus,
não interessa, desde que se sinta. A vida é composta
por sentimentos, pela dor e pela alegria, elas
completam-se e sem uma não há a outra, pois apenas
tendo o conhecimento de uma se reconhece a outra. É
necessário passar pelas duas, muitas vezes, só aí é
que se sabe que se está vivo. Viver é uma luta
constante pela alegria, pela felicidade, uma luta que só
há um vencedor, mas o importante é reconhecer a
alegria, a felicidade quando alcançada, pois elas são
momentâneas, como tudo...
As pessoas interrogam-se muitas vezes: serei um dia
feliz? Por que é que não se interrogam: sou feliz? Isso
é que é importante! Talvez até o seja e não sabe,
talvez a felicidade seja uma utopia, mas assim sendo de
que vale a pena viver?
Felicidade existe sim, é no momento que me estou a rir,
no momento que me senti realizado, naquele momento que
ajudei alguém que precisava, etc. Momentos, nada mais
que isso, pois a felicidade eterna essa sim é uma
utopia.
Procurar por uma coisa que não existe não é mais do
que optar pela segunda parte dos sentimentos, a dor. O
ser humano tem destas coisas. A esperança é a ultima a
morrer, mas a que preço? A esperança é, muitas vezes,
o triunfo dos sentimentos sobre o pensamento, a razão.
Eu não sou contra a esperança, pois por ela vivi a
minha vida toda, e por ela vou continuar a viver. Apenas
se deve matar a esperança, quando necessário, antes que
ela nos mate e para isso utiliza-se o pensamento, o que
para quem anda à deriva no pensamento é difícil...eu
sei...
Eu prezo a vida acima de tudo e é graças a isso que
comecei a dar valor a coisas que ninguém dá, como a
dor, pois ela faz parte da vida e como eu já disse
antes, só conhecendo verdadeiramente a dor se dá valor
à sua ausência.
Amor...amor é um estado de espírito, amor próprio é
uma necessidade. O amor muitas vezes destroi o amor
próprio, e aí tem que se optar...pelo amor próprio,
pois é algo que tem de estar acima de tudo, mesmo no
pior dos momentos, mesmo na pior das dores.
A dor nunca pode ofuscar o pensamento, pois, quando isso
acontecer, é como um corte na mão, mais tarde ou mais
cedo desaparece, e até desaparecer não se faz nada para
o curar. O pensamento pelo contrário pode arranjar uma
cura mais rápida ou até encontrar um corte maior, quem
sabe...
Beleza interior...uma maneira hipócrita de se justificar
perante o mundo. Que ninguém julgue a sua própria
beleza interior, pois essa é para as outras pessoas
julgarem. Gostar de si mesmo sim, mas nunca se compare a
outros, pois a beleza interior não se descobre assim
tão facilmente, e nunca se deve menosprezar os outros.
Além do mais, beleza interior muda, tanto para pior como
para melhor, resta ter a reflexão necessária para
faze-la crescer.
Solidão...para quê falar disso, pois apenas quem já a
sentiu é que pode entender. A solidão é a pior das
dores, é a doença que leva tanta gente ao suicídio, é
aquilo que eu não desejo a ninguém...nem a mim, por
mais que traga conhecimento...
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